dezembro 11, 2023

Fórum de Advocacy: ESG e Justiça Climática foram debates do 3º dia

O Fórum de Advocacy e Impacto é um evento realizado pelo Impact Hub Brasília e Impacta Advocacy. A primeira edição aconteceu em 2021 e a segunda foi de 7 a 9 de novembro de 2023. O Fórum deste ano contou com o patrocínio do Instituto Alana, Itaú e Unilever; apoio da FAAP; e parceria da ABERJE, Confluentes, Advocacy Hub, GIFE e Grupo Mulheres do Brasil. 

Entrevista | Nova economia: ações governamentais

A primeira conversa do dia abordou o advocacy dentro do contexto do Sistema B, entendendo as especificidades do setor público brasileiro e como isso funciona.

A convidada para esse bate-papo foi Rachel Karam (Advogada no Sistema B) e a mediação foi feita pelo Leandro Monteiro (Fundador do Impact Hub Goiânia).

Rachel iniciou a entrevista falando sobre a sua atuação no Grupo Jurídico B. “O movimento B tem um olhar, desde o seu nascimento, para políticas públicas, porque se a gente quer ressignificar o sucesso na economia, é fundamental que isso encontre instrumentos jurídicos adequados e remova eventuais barreiras”, contou.

Leandro fez um questionamento sobre a atuação geográfica do Sistema B e a interlocução com os municípios e estados. De acordo com Rachel, “o Simpacto é exatamente essa aterrissagem territorial para alcançar todo o país de forma organizada”. Ela ainda completou que “em cada estado vai ter um comitê de impacto específico da região”.

Sobre a transparência no setor público para corroborar a tese de impacto, tanto filantrópica, quanto de negócios de impacto, a convidada disse que, “é fundamental que sejam produzidos relatórios obrigatórios periódicos com validação verificável. Que a gente tenha o melhor relatório, ao menor custo e aberto ao maior número de pessoas possível, com uma periodicidade mínima obrigatória”.

Antes da pergunta final, Leandro pontua, “também sou um entusiasta da participação cidadã. Usar os mecanismos e, de fato, trazer voz e protagonismo para a sociedade é essencial”. 

Para encerrar a conversa, Rachel falou sobre encorajamento. “Vamos desenvolver, existem instrumentos, não está tão longe quanto parece. Nós conseguimos melhorar a coordenação coletiva dentro da economia para que ela chegue em algo regenerativo. De alguma forma, precisamos incentivar as pessoas a não terem medo de fazer o bem”, completa.

Palestra | ESG e Impacto: o papel das empresas e das lideranças empresariais

A primeira palestra do dia tratou sobre a relação das empresas e das lideranças com ESG, impacto e advocacy em si.

O palestrante convidado foi Paulo Kakinoff (Presidente do Pacto Pelo Esporte) e a mediação foi feita pela Daniela Castro (CEO da Impacta Advocacy).

Paulo iniciou sua palestra falando sobre a relação da sociedade e o impacto público e citou 3 grupos que podem influenciá-la:

1º grupo: poder político institucional, em especial, políticos.

2º grupo: celebridades. Elas têm vozes potentes que apoiam a mobilização pelas causas.

3º grupo: empresas. Possuem a capacidade de desenvolver conhecimentos técnicos para lidar com temas complexos.

De acordo com Kakinoff, “é importante que a capacidade técnica seja colocada a serviço dos problemas sociais”.

Paulo também pontuou, “as pessoas são as propulsoras da mudança. Qualquer um com desejo de transformar uma indignação em ação tem um lugar para isso: as organizações que fazem advocacy.”

O convidado também falou sobre o anseio dos funcionários de empresas atuarem com impacto social, mas que ainda é uma pequena parte. “O fator propulsor disso é a sensibilidade mais a indignação. É difícil ficar alheio à dor crescente da maior parte da população. Quase todas as pessoas estão sendo afetadas pelo agravamento dessas deficiências estruturantes, seja pela segurança pública ou por outros problemas. Elas não se conformam com a inação referente aos obstáculos”, contou Paulo.

A dificuldade de resolver problemas sociais também foi assunto: “as esferas de poder público não vão resolver sozinhos as adversidades. É necessário mobilização para endereçar obstáculos que são seculares”. Paulo ainda completou que “é importante que haja técnica e conhecimento para solucionar esses problemas”, disse ele.

Paulo também falou sobre projetos sociais. “A adoção de projetos que têm metas claras e que estão fundamentadas tecnicamente geram uma camada adicional de proteção e torna mais promissora a iniciativa em curso. ”

Ainda sobre o tema anterior, ele afirmou que, “as iniciativas e projetos sociais devem continuar na troca de governo e não devem ser paralizadas. Os governantes devem deixar o projeto numa linha de seguimento”.

Para encerrar a palestra, Daniela perguntou para Paulo o que ele diria para quem quer começar a atuar na filantropia ou para as causas. Paulo respondeu que “a primeira pergunta a se fazer é qual a área de atuação. A partir daí, se inicia um estudo de quais entidades estão mais estruturadas e alinhadas com suas expectativas”.

Debate | Advocacy em ação: estratégias para trazer mudanças

O segundo debate destacou ações de advocacy e contou com a presença dos convidados: Paula Johns (Diretora Executiva na ACT), Leandro Machado (Cofundador e sócio da CAUSE Brasil) e Pedro Teles (Cofundador do Advocacy Hub e da Quid) e mediação da Talita Ibrahim (Coordenadora Executiva do Advocacy Hub).

Paula iniciou o debate falando sobre a atuação da ACT, uma OSC focada no controle do tabagismo e no controle das doenças crônicas não transmissíveis.

Partindo para o tema do advocacy, Paula disse que, “o advocacy é a arte de transformar aquilo que é impossível em algo que seja inevitável”.

A relação entre a estratégia de comunicação e o advocacy é um assunto comentado por Leandro. “A comunicação é um dos pilares em que o advocacy se escora. Ela é uma parte indissociável do advocacy. A comunicação desempenha um papel de alinhamento sobre a consciência do tema na sociedade”, completou.

Leandro também disse que, “em uma campanha de advocacy, é necessário entender o conceito da causa e qual problema quer se resolver. Além de ter objetivos muito claros, identificar os tomadores de decisão e os públicos”.

Sobre a relação entre filantropia e advocacy, Pedro contou que, “a visão de filantropia está junto com a visão de quem faz advocacy. Essa ferramenta trabalha para mudar as raízes de problemas”. Ele ainda completou que “o conceito de advocacy se fortalece em investidores e empreendedores sociais”.

Leandro problematizou o posicionamento de algumas empresas em relação ao impacto. “Elas negligenciam o impacto real, poucas efetivamente vão atrás de saber os reais impactos sociais e ambientais. As organizações que o fazem estão mais bem posicionadas em entender melhor os seus públicos e stakeholders”, disse o convidado.

Sobre estratégia de advocacy, Pedro falou que, “um bom planejamento começa perguntando com quem ele precisa falar, engajar e convencer. É necessário entender os atores específicos. Quando você entende quem é o público, é preciso saber tudo sobre ele”. Essa fala mostra o quão indispensável é ter conhecimento sobre o público que você deseja atingir não só com uma ação de advocacy, mas como qualquer outra.

Para finalizar a conversa, Leandro citou ferramentas que não podem faltar em uma estratégia de advocacy, “depende primordialmente do público, como se comunica, onde está, o que consome, etc. Agora temos mais ferramentas de comunicação e temos outros métodos de influência baseados em tecnologia”.

Debate | Justiça climática: o desafio do clima e seu impacto no modelo econômico e justiça social

O último debate do Fórum de Advocacy e Impacto tratou sobre justiça climática e a mesa foi composta por Natalie Unterstell (Presidente do Instituto Talanoa), Igor Travassos (Coordenador da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil) e moderada por Tayanne Galeno (Analista de Relações Governamentais no Instituto Alana).

Tayanne trouxe o conceito de justiça climática para iniciar a conversa. De acordo com o conceito de Andreia Coutinho, especialista no tema, justiça climática propõe que mudanças climáticas sejam analisadas e combatidas com viés de responsabilização daqueles que efetivamente deram causa ao desequilíbrio e que possuem, obviamente, mais condições de enfrentá-las, principalmente países e empresas.

Natalie disse que o princípio da justiça climática veio para falar que a crise climática precisa de colaboração radical de todos. “Todos terão que fazer alguma coisa por esses problemas. Hoje, estamos na fase que sabemos exatamente o que precisa ser feito, temos as tecnologias na mão, muitas energias renováveis, mas também temos a parte da política e isso faz com que a velocidade não aumente”.

Já Igor falou que o tema mais urgente vinculado à justiça climática são os eventos climáticos extremos que “estão cada vez mais frequentes e possuem danos irreversíveis”.

Ele citou a alta taxa de mortalidade dos botos na Amazônia por conta da seca e disse que, “é somente a ponta do iceberg. Diversas pessoas estão sendo impactadas pelos desastres ambientais”. Igor ainda completou que “temos solução para a crise climática e podemos criar estratégias para evitar mais danos humanos”.

“As pessoas mais impactadas pela crise climática não têm que ser o alvo da política pública, e sim, construir conjuntamente, pois elas têm a solução. Então, precisamos que o governo entenda isso e traga essas pessoas para a construção da política pública”, disse Travassos.

Natalie finalizou o debate falando que, “agora o momento é outro, temos novos desafios. É o momento do advocacy na questão climática e também de nos reinventar. As coisas do passado não necessariamente vão servir para os desafios de agora”.

Encerramento

O Fórum de Advocacy e Impacto 2023 encerrou com sucesso. Foram 3 dias de debates, palestras e entrevistas que levaram conhecimento sobre advocacy e impacto para diversas pessoas. 

Confira também no nosso blog os resumos do primeiro e do segundo do Fórum de Advocacy e Impacto 2023.

Confira as gravações completas de todo o Fórum, pelo Youtube: 

Baixe o ebook da primeira edição do evento

Relacionados
útimas publicações