dezembro 7, 2023

Fórum de Advocacy e Impacto: políticas públicas foi o foco do 2º dia de evento

O Fórum de Advocacy e Impacto é um evento online realizado pelo Impact Hub Brasília e Impacta Advocacy. A primeira edição aconteceu em 2021 e a segunda edição foi nos dias 7, 8 e 9 de novembro de 2023 com o patrocínio do Instituto Alana, Itaú e Unilever; apoio da FAAP; e parceria da ABERJE, Confluentes, Advocacy Hub, GIFE e Grupo Mulheres do Brasil. As duas edições tiveram transmissão ao vivo pelo YouTube.

O segundo dia de Fórum começou com um resumo da Daniela Castro, CEO da Impacta Advocacy, sobre as conversas que tinham acontecido anteriormente.

Painel | Os desafios da implementação de políticas públicas: dificuldade nos avanços dos indicadores socioeconômicos

Dando sequência, Daniela iniciou sua fala sobre o primeiro tema, os desafios da implementação de políticas públicas. “O desafio do país é a implementação das políticas públicas. Então, a sociedade civil necessita investir na incidência junto ao Poder Executivo”, conta.

Ela lista diversas dificuldades para a implementação de políticas públicas como as barreiras internas. Um exemplo disso é quando um projeto do governo não foi pensado com quem o executa na ponta, ou seja, a pessoa que está em contato com os beneficiários, além de outras barreiras como falta de metas e monitoramento, divergências entre os stakeholders e outras.

Outra dificuldade citada por Daniela é a falta de recursos e orçamento. “No Fadvocacy, eu recomendo que a gente faça um levantamento, principalmente quando temos o desafio da implementação, para verificar se há destinação orçamentária.”

Debate | Investimento de impacto: a jornada até aqui

Após esses apontamentos enriquecedores, a programação seguiu para o primeiro debate do dia, sobre investimento de impacto, em que os participantes puderam conversar sobre os desafios, oportunidades e principalmente o futuro dos investimentos financeiros para resolver problemas sociais.

Os convidados dessa mesa foram: Duda Alcântara (Presidente Executiva do Instituto Vivenda), Fernanda Camargo (Sócia e Cofundadora da Wright Capital) e Luciano Gurgel (Diretor Executivo da Artemísia), com mediação do Duda Scartezini (sócio do Impact Hub Brasília).

Fernanda falou sobre o Blended Finance, um modelo de financiamento que combina recursos de fontes diversas. “Você tem desde um capital de doação, a outro que pode se comportar como um seguro, uma cota subordinada. Então, o Blended é você ter vários tipos de capital no mesmo lugar”.

Sobre investimentos de impacto, Luciano problematizou o pequeno volume de investimentos na área e diz que “a gente comete um erro grave de achar que os lucros são privados e os impactos negativos são públicos”. Ele ainda completa que “os investimentos de impacto são uma forma de mitigar custos futuros”.

Duda Scartezini, trouxe a questão do crédito de reciclagem, como uma lei que prioriza a sustentabilidade, mas não beneficia os catadores. 

Os convidados finalizaram o debate relatando a sua visão de futuro a partir de um olhar mais positivo. Duda Alcântara contou: “por ser fã de Sistema B, eu faço a provocação de que um planeta B não existe, mas se ele existisse, como ele seria? Faça esse exercício de pensar como ele poderia ser e veja o quanto você está contribuindo para que isso aconteça”.

Debate | Advocacy: a importância da estratégia na implementação de políticas públicas

O segundo painel falou sobre o advocacy como uma estratégia para implementar políticas públicas, as dificuldades desse processo de concretização e a participação da sociedade civil.

A mesa contou com o Renato Godoy (Gerente de Relações Governamentais do Instituto Alana) e Claudia Valenzuela (Representante da UNOPS em Honduras). Além de Alejandra Meraz Velasco (Especialista em Políticas Públicas), com mediação de Daniela Castro (CEO da Impacta Advocacy).

Renato iniciou o debate destacando a necessidade do governo federal atual em convocar a sociedade civil para participar das políticas públicas. Ele disse que “é um momento histórico muito importante para que a gente faça parte desse processo decisório, na formulação, no acompanhamento, na proposição e na implementação das políticas públicas”.

Alejandra entrou no assunto das dificuldades da implementação das políticas públicas. Para a especialista, um dos maiores obstáculos é “de que forma a gente gera um movimento intersetorial que faça com que os resultados sejam observados”.

Ainda falando sobre a execução em si, Renato colocou a participação social como ponto chave desse processo. “A participação social pode ser sim, uma forma muito interessante de colocar um tema na agenda dos tomadores de decisão”, relatou.

Claudia citou outra pauta importante sobre o tema: o conhecimento sobre advocacy. Ela disse que “precisamos aprofundar o conhecimento tanto da sociedade civil, quanto dos outros setores sobre o que é o advocacy, como atuar bem e agir de uma maneira mais efetiva com o governo”.

Daniela também colocou no debate a atuação dos municípios e os desafios que eles enfrentam na implementação. Claudia deu continuidade ao assunto e disse que, “assim como as organizações têm perfis diferentes, os municípios também. Alguns desses municípios são altamente avançados, e muitas vezes, encontramos alguns que não são”. 

A conversa encerrou com um apanhado geral sobre os assuntos abordados por cada convidado.

Debate | Reforma política: o peso das regras do jogo para o avanço do país

O último debate do dia abordou a reforma política e o peso que as regras do jogo podem ter para que o avanço do país, numa democracia, seja mais ou menos rápido.

Fizeram parte desse painel Luciano Santos (Diretor do MCCE), Marcelo Issa (Fundador da Pulso Público), Marina Helou (Deputada Estadual). Além de Andreia Schroeder (Gerente de Parcerias Corporativas e Institucionais da Plan International Brasil), como moderadora.

Após a fala inicial de Luciano sobre o MCCE,  Andreia questionou Marcelo, por qual motivo a governança ainda não está presente nos partidos políticos. Para responder à pergunta, o convidado disse que “pelos partidos disputarem o próprio poder político, eles possuem uma tendência especial à concentração de poder, à dificuldade em se democratizar e em prestar contas”. Ele ainda completou: “no caso brasileiro, acho que a gente tem uma dificuldade ainda maior, porque na nossa história, esses grupos sempre foram vistos com muita desconfiança”.

Sobre um olhar de quem está dentro desse sistema, Marina fez uma pontuação sobre o acesso aos partidos políticos: “é um espaço muito difícil de participar para quem quer discutir melhorias na política pública, e a situação ainda piora com essa concentração de poder, então, é um desafio muito grande”.

Ainda sobre a discussão sobre partidos, Marcelo falou: “o advocacy e toda a incidência política depende de termos grupos políticos mais permeáveis, mais conectados com a sociedade, porque se eles não tiverem essas características, dificilmente o sistema político como um todo, também o será”.

Luciano iniciou o encerramento deste debate dizendo que “as mulheres, as candidaturas negras e indígenas precisam se apropriar desse espaço. Precisamos fazer a inclusão desses grupos que são maioria no país, mas são minorizados nos espaços de poder”.

Encerramento

O segundo dia do Fórum de Advocacy e Impacto finalizou com debates sobre temas importantíssimos e pertinentes para a sociedade como um todo. A sociedade civil precisa se mobilizar e buscar conhecer um pouco mais da política para fazer a diferença.

Acompanhe nosso blog para conferir os resumos dos outros dias do Fórum de Advocacy e Impacto 2023.

Confira a gravação completa do 2º dia, pelo Youtube:

Baixe o ebook da primeira edição do evento:

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