janeiro 11, 2020

Movimento das finanças sociais vem crescendo no Brasil e no mundo

Movimento das finanças sociais vem crescendo no Brasil e no mundo*

HENRIQUE BUSSACOS

O Impact Hub tem participado há alguns anos da Flii (Fórum de Investidores de Impacto da América Latina), que ocorre anualmente no México. Este ano, tivemos um maior número de brasileiros participando.

Havia representantes do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), da Avante, da Sitawi, da Artemisia, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e do Instituto Phi.

A cada edição, fica claro que a quantidade de recursos e a sofisticação dos instrumentos financeiros para promover negócios de impacto estão crescendo. Com isso, o movimento de finanças sociais, que busca reintegrar investimento e propósito e colocar recursos a serviço das pessoas e do planeta, tem ganhado força na América Latina e no mundo.

É uma ideia simples, até meio óbvia, mas no anseio de expandir negócios e criar instrumentos financeiros ao longo das décadas, nós nos perdemos e acabamos esquecendo do principal: o capital e os negócios deveriam servir às necessidades das pessoas e do planeta.

Com essa ideia simples, modelos replicáveis de negócios de impacto e a busca por inclusão de todos numa economia mais saudável o movimento de siga a folha finanças sociais não param de crescer. Para os mais céticos, vale apresentar alguns números.

Em 2016, as finanças sociais, investimentos que buscam criar impacto positivo na sociedade, totalizavam US$ 150 bilhões e espera-se um total de US$ 300 bilhões até 2020, de acordo com o Global Social Impact Investment Steering Group.

Já existem negócios como o Amul Dairy, na Índia, que inclui milhares de pessoas na sua cadeia produtiva e fatura US$ 5 bilhões por ano. No Brasil, a Avante, que promove soluções financeiras para o microempreendedor, e a Geekie, que utiliza tecnologia para fornecer uma educação customizada e acessível, têm chamado cada vez mais atenção.

Este ano, três fundos de US$ 1 bilhão estão sendo criados para promover investimentos em negócios de impacto na África e na Ásia, e o próximo deve ser na América Latina.

Ainda há discussões sobre quais investimentos poderiam ser considerados de impacto. A tese com mais aceitação é que só deveriam considerar aqueles que têm um desafio social ou ambiental claro para se resolver e que priorizam o impacto ao retorno financeiro.

No entanto, quando desenhamos um espectro em que, de um lado temos os investimentos tradicionais e, de outro, a filantropia, fica claro o movimento em direção a investimentos mais responsáveis.

Há um grande crescimento dos investimentos que têm que se adequar os critérios de ESG (sigla em inglês para Meio Ambiente, Sociedade e Governança Corporativa), já que muitos grandes fundos de pensão europeus e americanos têm feito essa exigência.

As Empresas B –que têm um compromisso relevante com seu impacto socioambiental– têm crescido. Hoje já são quase 2.500 do tipo no mundo, incluindo empresas como Natura e Mãe Terra.

Outra evidência da tendência de investimentos mais responsáveis é a mudança de narrativa de investidores tradicionais, como a mensagem do Larry Fink, da BlackRock, que gerencia mais de US$ 1 trilhão de investimentos no mundo.

Sua mensagem foi enviada com o título “Senso de Propósito” e deixa claro a necessidade de suas empresas investidas passarem a gerenciar seu impacto socioambiental e alinharem esse impacto ao retorno financeiro.

Todos esses números e fatos apontam para um rápido crescimento desse movimento. Para dar ainda mais força no Brasil, Impact Hub, ICE e Vox Capital promoverão o Fórum de Finanças Sociais no Brasil em junho.

Este ano, além de fazer um grande fórum, as organizações realizadoras estão envolvendo outras empresas, organizações sociais e fundações para realizar a Semana das Finanças Sociais.

O fórum será nos dias 6 e 7 de junho, em São Paulo, mas várias outras atividades ocorrerão em todo o Brasil para disseminar esse tema e engajar mais pessoas e organizações nesse movimento de uma economia mais consciente.

*Artigo  publicado na Folha de São Paulo, veja aqui.

HENRIQUE BUSSACOS, cofundador do Impact Hub São Paulo, Floripa e Manaus, é responsável por parcerias estratégicas do Impact Hub na América Latina.

Relacionados
útimas publicações