Aos 35 anos, a gaúcha Deise Nicoletto, finalmente, encontrou uma nova forma de atuar no mundo que voltasse a fazer sentido, numa perspectiva mais panorâmica da vida. Formada em Economia, com pós graduação em Administração Estratégica, Deise começou a se interessar pela temática do ecossistema de impacto e da inovação social, quando trabalhava em uma multinacional, morando ainda na capital paulista.
“Me questionava sobre o que estava fazendo com a minha carreira e o que mais poderia fazer pelo mundo”, conta, lembrando que ela tinha um grande desejo de empreender. “Com isso, comecei a frequentar eventos e conhecer pessoas ligadas à causa. Passei, também, a estudar o assunto e notei que impacto social era tudo que eu procurava há muito tempo: ações efetivas que podem tornar o mundo um lugar melhor e com viés de negócio, ou seja, ter sustentabilidade financeira para conseguir expandir ainda mais as ações”, resume.
Ao Jornal do Planalto, Deise contou um pouco sobre como surgiu a ideia de implementação do Impact Hub Brasília e do que tem feito para engajar, cada vez mais o público interessado no assunto.
Como surgiu a ideia do Impact Hub Brasília?
Nessa jornada de descobrir sobre impacto social, eu ainda morava em São Paulo e comecei a conversar e conhecer algumas pessoas e uma delas me falou sobre o Impact Hub. No início, eu não tinha muita ideia do que era. Fui pesquisar e descobri o Impact Hub São Paulo.
Na época, eu me associei e comecei a frequentar o espaço e tudo que oferecia. Conheci muitas pessoas lá, e com isso uma ideia foi surgindo de fazer algo do mesmo formato, mas em Brasília, pois queria voltar a cidade. Uma dessas pessoas me perguntou: por que você não abre um Impact Hub em Brasília? Eu nem tinha pensado na possibilidade disso, pois nem sabia se era possível. Quando avaliei a ideia, fiquei super entusiasmada, fui buscar e começar o processo para fazer parte da rede.
Quando o Impact Hub foi inaugurado e qual a proposta do espaço?
O Impact Hub Brasília existe oficialmente desde de 2017. Antes, não tínhamos espaços físicos, mas compartilhamos alguns lugares, entre eles um Lab com um dos nossos parceiros. Notamos cada vez mais a necessidade de ter um espaço para ser ponto de encontro, apoio e conexão para atores, agentes e organizações interessadas na temática de impacto social, ou que querem se conectar com o assunto de alguma forma. Com isso, inauguramos o nosso espaço em outubro de 2020, com o intuito de ser um espaço fomentador do ecossistema de impacto em Brasília.
Saiba mais sobre o espaço: https://brasilia.impacthub.net/coworking-bsb/
Que empreendimentos fazem parte atualmente do coworking?
Hoje, temos presentes no espaço: Storica, Moai, Renovatio, Cogna, Insight, TOTVS Brasília, TOTVS São Paulo, MV Comunicação, Atmos e LTM. Temos também na nossa rede e comunidade a 4 Hábitos para Mudar o Mundo, Bandeira Habitação, a Cotidiano, jovens da UNODC, a Ponte, SGI Sustentabilidade, Kairos, Nous, e outros. Como parceiros temos também o Instituto FENAE Transforma, Instituto Sabin, Instituto CNP Brasil, Instituto Capitalismo Consciente, A Ponte Soluções Colaborativas, entre outros.
Quais são os principais projetos este ano do Impact Hub?
Hoje, o Impact Hub Brasília está atuando com o programa Lab Financeiro, que é um programa focado em economia comportamental para desenvolvimento de autonomia financeira de quem participa. Temos o Acelera Cerrado também, um programa de capacitação de 40 OCS que tem como foco a proteção do cerrado brasileiro.
Além disso, também temos ações para desenvolver o ecossistema, como a participação na Estratégia de Investimento de Negócios de Impacto (ENIMPACTO) e fomento do ecossistema de impacto do DF.
Saiba mais sobre nossos programas: https://brasilia.impacthub.net/programas/
Como você tem visto o crescimento do ecossistema de impacto social no DF?
Desde de 2017 que venho atuando no DF, noto o crescimento no desenvolvimento do empreendedorismo, e com a Pandemia, o foco no olhar para impacto. Em maio, foi aprovado o Projeto de Lei para negócios de impacto e a gente vê cada vez mais ações e organizações promotoras do fomento da temática e até mesmo a criação de fundos com esse foco.
Então, vejo com bons olhos, pois está cada vez mais notando-se a necessidade de endereçar os negócios com essa temática e mudarmos o jeito de fazer negócio. Acredito que ainda há muito para vir, muitas oportunidades.
O que falta para desenvolver ainda mais este ecossistema?
Quando comparamos o ecossistema do DF com SP, Florianópolis e Recife, que hoje são polos de empreendedorismo e inovação, a gente vê que ainda há muito a se fazer. Posso destacar algumas delas que até estão na estratégia nacional de impacto: ter mais agentes fomentadores e financiadores; precisamos de mais recursos financeiros para esse ecossistema e mais agentes que ajudem empreendedores a desenvolver seus negócios; um ambiente regulador; mais ações e eventos.
Com tudo isso, podemos gerar recursos para criar e desenvolver mais negócios e empreendimentos e, principalmente, atuar na mudança de mentalidade que se tem no DF, com foco em trabalho em órgãos públicos, mas que podemos endereçar isso empreendendo.
O que você diria para quem está começando?
Pesquise sobre o assunto, leia, estude e, principalmente, se conecte com quem está fazendo e tenha profundidade no tema. O ecossistema de impacto no Brasil é muito organizado e conectado. Uma das coisas que eu fazia era marcar conversa e reunião com todo mundo que eu podia. Se conectar é um dos melhores caminhos para ter clareza e vislumbrar o ecossistema para saber onde vai querer atuar nessa jornada que só está começando.
Parabólica Econômica por Flávio Resende
E-mail: flavioresende@gmail.com