Impacta Mundo – Influência e articulação: negócios de impacto na agenda governamental
O terceiro e último dia chegou para encerrar nosso fórum em grande estilo.
Com mediação de Deise Nicoletto, fundadora do Impact Hub Brasilia, abrimos o dia com um debate sobre o pioneirismo do Brasil na legislação sobre negócios de impacto.
Mas nem tudo são flores: mesmo com essa legislação, até hoje vista em poucos países, a atuação dos negócios de impacto ainda não é grande e falta investimento e incentivo.
Lucas Maciel, coordenador da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto, que une 16 órgãos públicos e 10 privados, pontuou: “o maior desafio é criar condições para que os empreendimentos com propósito social e ambiental aumentem significativamente. Em maior número, os negócios de impacto deixarão de ser vistos pelo Estado como um nicho. O Brasil tem menos de 1% do investimento mundial em impacto. Temos muito espaço para crescer”.
Marcos Vinicius Souza, servidor do Ministério da Economia e presidente do Conselho de Administração do Instituto de Pesquisa Tecnológica-IPT, mostrou uma direção para seguirmos : “o advocacy é fundamental para impulsionar os negócios de impacto no país. Fizemos muito advocacy na esfera governamental para implementar uma estratégia nacional. Agora, precisamos fazer advocacy para fora, convocar a sociedade”.
Cases & Causas – A agenda de impacto na realidade local
O setor de impacto tem gerado diversos novos postos de trabalho no país e atraído cada vez mais pessoas para pensar de uma forma diferente a relação entre o cidadão e os setores público e privado, e quais as suas interseções.
O impacto já atingiu todos os cantos do Brasil: Marcello Santo, diretor fundador da Plataforma Impacta Nordeste e Cofundador da Motirô, nos mostrou a realidade desse setor no Nordeste: “os negócios de impacto ainda estão começando no Nordeste, mas o cenário é promissor. Algumas empresas estão se juntando às articulações e se sensibilizando, da região e de outras”.
E no sudeste do país? Será que já temos esse desenvolvimento?
Virginia Alfenas, cofundadora do Impact Hub Belo Horizonte, garante que sim! “Nos últimos anos, criamos uma comunidade de impacto, uma rede. Isso é importante. Independentemente da mudança de governo, de partido, a força se mantém. É aprender juntos, trabalhar juntos, trabalhar de forma multissetorial”, afirmou.
Silvio Meira, cofundador da TDS Company, reforçou a importância da modernização do mercado e da economia. “Acredito que o desenvolvimento e a recuperação não virão mais da economia antiga da indústria, do comércio clássico. Eles dependerão cada vez mais da tecnologia”.
Já existe fórmula ou metodologia perfeita para colocarmos isso em prática? Não, de acordo com Carla Panisset, que, no Sebrae, coordena a promoção de negócios de impacto social, empreendedorismo na base da pirâmide, inclusão produtiva e apoio a minorias, “não adianta importar formatos que não façam sentido na nossa realidade. Mais importante do que a forma do impacto, é que ele aconteça”.
Para finalizar, nada melhor do que compartilhar o sonho do Silvio Meira, um sonho que pode mudar o país: “eu tenho um sonho, de que cheguemos ao dia em que a vasta maioria dos negócios será de impacto. Não dá mais para pensar em negócios irrelevantes, sem contribuição para a melhoria da sociedade, da vida das pessoas”.
Debate – Mulheres na liderança de mudanças estruturais
O melhor sempre fica para o final. Com convidadas incríveis, debatemos os desafios das mulheres na liderança por mudanças estruturais, tema cada vez mais importante nas discussões de diversidade e representação em um mundo em transformação.
Para começar, tivemos a defesa de mais mulheres com cargos relevantes dentro da política pela Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil. “Os países liderados por mulheres lidaram melhor com a pandemia. Precisamos de mais mulheres em cadeiras políticas, e que nos juntemos para levar o olhar feminino para as decisões. Já sabemos o que é preciso, precisamos ir para a prática. E isso é muito feminino”.
Precisamos urgentemente dessa mudança: o país precisa de ares novos e de pessoas com visões diferentes para evoluirmos.
Leany Lemos, Diretora-Presidente Banco Regional BRDE, comentou mais sobre essas mudanças: “não podemos demonizar a mudança de lideranças. O importante é ter um Estado que funciona. Podem mudar os políticos, as diretrizes, mas deve permanecer uma memória, um corpo direcional que mantém as entregas públicas”.
Fernanda Camargo, sócia co-fundadora da Wright Capital, se vê otimista sobre a prospecção das empresas: “vejo empresários cada vez mais investindo em projetos de advocacy. Não chegamos ao ideal, mas estamos avançando. Hoje, já vemos muita gente buscando investir em impacto social”.
Encerramento
Infelizmente nosso evento chegou ao fim, mas antes, tivemos um último momento de retrospectivas e agradecimentos a todas e todos que nos apoiaram, integraram a equipe da organização, aos de convidados e a vocês que marcaram presença em peso em nossas transmissões.
Fiquem de olho nos próximos eventos e não deixe de assistir na íntegra aos talks, entrevistas e rodas de conversa do Fórum de Advocacy e Impacto 2021:
Fórum de Advocacy e Impacto 2021 – 21/10/21 – Manhã
Fórum de Advocacy e Impacto 2021 – 21/10/21 – Tarde
O Impact Hub Brasília e a Impacta Advocacy lançam o curso Advocacy de Impacto com o objetivo de apresentar o advocacy como uma via para gerar e escalar impacto socioambiental.
O curso será híbrido, com 6 encontros on-line e ao vivo, via plataforma Zoom e 3 palestras presenciais, em Brasília. Os encontros acontecerão toda quinta-feira de 19h às 21h, do dia 22 de agosto ao dia 17 de outubro de 2024.