outubro 27, 2021

Saiba como foi o 1º dia do Fórum de Advocacy e Impacto

Não podia se esperar nada diferente do que pessoas com grande impacto, participando e compartilhando suas opiniões e experiências em temas que envolvem toda a sociedade brasileira. Na primeira mesa, os convidados dialogaram sobre a importância dos cidadãos terem uma voz mais ativa e que só assim uma mudança pode ser provocada.

Indo para outro extremo, a segunda mesa teve como tema de sua conversa a oportunidade de Acordos Setoriais exemplificando com o Pacto pelo Esporte e o que pode ser feito para que haja uma melhora.

Abertura do Fórum de Advocacy

Daniela Castro, fundadora do Impacta Advocacy, e Deise Nicoletto, fundadora do Impact Hub Brasília, deram início ao evento. Elas concederam algumas opiniões e um panorama sobre os assuntos a serem abordados. 

“Advocacy é um tema que a gente vem falando bastante e o objetivo é a gente fazer uma pergunta provocativa e um tanto incômoda: será que nós, como sociedade civil, estamos provocando mudanças estruturais no país?”, questionou Daniela.

Em seguida, a Deise comentou que “Negócios de impacto são empreendimentos que tem a intenção clara de endereçar um problema socioambiental. Tem como atividade principal endereçar produto, serviço, operação, tem uma lógica de mercado, de negócio e busca investimentos financeiros, além de se comprometer a medir o impacto.”

Os indicadores do país não são agradáveis, ainda falamos de fome, miséria, desigualdade, problema da educação, problemas ambientais e as taxas de homicídio. Se temos noção de todos esses defeitos, por que ainda não foi encontrada uma solução?

Neste evento, o objetivo foi trazer organizações, iniciativas e pessoas para debater juntos sobre os mais variados temas. Além de achar soluções para uma sociedade melhor e mais próspera. 

Primeiro Painel | Sociedade civil: será que estamos provocando mudanças? 

Na primeira mesa de conversa do eixo Impacta Mundo, foi feita a reflexão sobre a sociedade civil: será que estamos provocando mudanças e realmente exercendo nosso papel enquanto cidadãos?

Os participantes desta mesa foram: Oded Grajew (conselheiro e fundador da Rede Nova São Paulo e do programa Cidades Sustentáveis), Atila Roque (historiador, cientista político, diretor da fundação Ford no Brasil), Mariana Almeida (Superintendente da fundação Tide Setubal e professora do programa avançado em gestão pública do Insper) e Mario Mantovani (geógrafo, especialista em recursos hídricos e ambientalistas, e trabalha no  SOS mata atlântica desde 1991).

Um dos principais pontos expostos pelos convidados foi que o papel da sociedade civil tem que ser mais robusto na política, porque as decisões políticas são tomadas todos os dias, com ou sem a nossa participação. 

Atila Roque destacou sua visão de que a sociedade civil, por meio da ética de trabalho e de sua postura, cria os instrumentos para colocar os objetivos coletivos acima dos objetivos privados. ‘’Quando a gente fala em sociedade civil, a gente está falando de uma sociedade que está comprometida com o bem comum, que orienta suas ações para a defesa e proteção de interesses coletivos”, reforçou.

“Considerando que temos metade da população brasileira na pobreza e diante de tantos indicadores sociais ruins, a conclusão é que não temos feito o suficiente”, afirmou Oded Grajew, fundador e presidente emérito do Instituto Ethos, no painel de abertura do evento. ‘’Eu elenco o papel da sociedade civil em três coisas: primeiro: escolhas – o que eu a gente vai escolher como pais, como representantes, como política pública. Depois, pautar políticas públicas – usar a força da sociedade civil para pautar políticas públicas. E por fim, pressionar para que essas pautas e essas escolhas realmente sejam implementadas’’, complementou Oded. 

‘’Sem reduzir a desigualdade no Brasil, qualquer expectativa de um país melhor é sonho de uma noite de verão’’, concluiu Oded que também lembrou que o Brasil é o segundo país mais desigual do mundo.

Segundo Painel | Como implementar um pacto setorial: case Pacto pelo Esporte​

Na segunda mesa com o tema “Como implementar um pacto setorial”, os participantes analisaram o case Pacto pelo Esporte. Essa iniciativa envolve diversos outros empresários e patrocinadores para definir boas práticas de governança no esporte brasileiro. 

A mesa, composta por Caio Magri (diretor presidente no instituto ethos), Isabel Swan (Medalhista olímpica e coordenadora de Esportes Femininos no comitê olímpico do Brasil, João Paulo Diniz (fundador da Componente e um dos criadores do pacto pelo esporte) e Silvia Gonçalves (Diretora de projetos na Impacta Advocacy), discutiram as dificuldades e a falta de apoio que o esporte sofre no Brasil. 

Na conversa, foi ressaltada a importância e o impacto da lei 18a (“Estabelece as medidas excepcionais e temporárias na área do desporto, no âmbito da pandemia da doença COVID-19.”). Ela mostra como o governo tem forte influência no desenvolvimento do esporte.

Uma importante fala da Silvia Gonçalves, foi sobre as três metas que a Advocacy traçou: melhorar o esporte nas escolas, garantir o esporte pra toda vida e a incrementação de um sistema esportivo.

Terceiro Painel | Coalizões e acordos privados: como mantê-los ativos e efetivos?​

A formação e a manutenção de coalizões e acordos privados foram debatidas por Adam Kahane. Além de Christel Scholten (Diretora Executiva da Reos Partners), Mariana Luz  (Diretora Presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal), Brenda Brito (Pesquisadora da Imazon) e Paulo Sérgio Kakinoff (Presidente da GOL Linhas Aéreas). “A resolução de problemas complexos exige construções conjuntas e diálogo. Ela não acontece com posicionamentos binários. As lideranças de empresas e organizações devem desestimular essa polarização toda que estamos vendo.  Raramente você encontra solução em posicionamentos binários, especialmente para problemas complexos”, recomendou Kakinoff.

Christel Scholten da Reos Partners disse que, muitas vezes, o fracasso de coalizões acontece pela falta de compromisso de longo prazo dos participantes e dos financiadores. ‘’Mudanças são sistêmicas e levam longo tempo e o conflito também pode contaminar o trabalho”.

Já Mariana Luz da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal destacou a importância do impacto coletivo. ‘’O impacto não vai vir sozinho, nem só dentro das organizações, nem ignorando como já funciona o poder público e o setor privado’’, afirmou.

Quarto Painel | Litigância estratégica na efetivação de direitos e políticas​

A importância da litigância estratégica como uma ação de advocacy para a garantia de direitos na implementação de políticas públicas foi discutido por Allyne Andrade (superintendente adjunta da Fundo Brasil),  Diego Casaes (Diretor de Campanhas da Avaaz), Silvia Souza (assessora parlamentar na CLDF),  Pedro Hartung (Coordenador dos Programas Criança e Consumo e Prioridade Absoluta do Instituto Alana). 

“Com estratégias de advocacy muito bem pensadas, é possível garantir recursos humanos e financeiros suficientes para garantir sua campanha, sua mobilização. Há um longo caminho até que questões cheguem ao STF ou ao TSE”, comentou Diego Casaes sobre o tema. 

Sobretudo, Allyne Andrade, da Fundo Brasil, destacou diversas iniciativas, em Estados brasileiros, com advocacy junto ao Executivo, às instâncias universitárias, e ao mesmo tempo com mobilizações no Judiciário.

Silvia Souza, da CLDF, realça também a importância de um trabalho de construção no meio: “Se a gente não encontrar o espaço do diálogo, a gente cava esse espaço por meio de estratégias. Algumas portas não se abrem naturalmente. É preciso um trabalho de construção. Com uma coalização, é mais difícil que as portas se mantenham fechadas”

Pedro Harting, do Instituto Alana, completa: “O sistema jurídico é pretensamente apartidário e apolítico. Mas o advocacy pode incidir nessa área, utilizando a linguagem, o verniz da técnica, mas defendendo politicamente uma causa”. 

Encerramento do fórum de advocacy

Encerramos o dia com temas relevantes e uma discussão essencial para melhorarmos como sociedade e aprimorarmos nosso futuro.

Mas sabe o melhor? Isso foi só o primeiro dia, temos bastante coisa que foi discutida para compartilhar com vocês!

Então não deixe de assistir na íntegra aos talks, entrevistas e rodas de conversa do Fórum de Advocacy e Impacto 2021 aqui.

Veja o ao vivo do dia 19/10 – manhã:

Veja o ao vivo do dia 19/10 – tarde/noite:

Advocacy e Impacto em 2024

O Impact Hub Brasília e a Impacta Advocacy lançam o curso Advocacy de Impacto com o objetivo de apresentar o advocacy como uma via para gerar e escalar impacto socioambiental. 

O curso será híbrido, com 6 encontros on-line e ao vivo, via plataforma Zoom e 3 palestras presenciais, em Brasília. Os encontros acontecerão toda quinta-feira de 19h às 21h, do dia 22 de agosto ao dia 17 de outubro de 2024.

Relacionados
útimas publicações